TCU investiga se empresa que faz manutenção do presídio está em nome de ‘laranjas’

Por Walder Galvao, Iana Caramori, G1 DF

A empresa que faz manutenção do presídio de segurança máxima de Mossoró — de onde dois presos fugiram no dia 14 de fevereiro — é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) por supostas irregularidades na contratação com o governo federal. A relatoria é do ministro Jorge Oliveira.

A representação do Ministério Público junto ao TCU, assinada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, foi apresentada nesta quarta-feira (21).

“A empresa em questão, chamada R7 Facilities, tem um faturamento anual de 195 milhões de reais, mas seu proprietário, registrado oficialmente, é um beneficiário do auxílio emergencial que mora em Brasília, o que causa estranhamento”, diz o subprocurador-geral.

Segundo denúncia do Estadão, a R7 Facilities estaria em nome de “laranjas”. A sede da empresa fica no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no Distrito Federal.

No contrato firmado com o governo federal, em abril de 2022, a R7 Facilities aparece no nome de Wesley Fernandes Camilo. Já no Portal da Transparência, Gildenilson Braz Torres aparece como sócio-administrador.

Em entrevista ao G1, Gildenilson disse que as acusações são “infundadas”.

O empresário disse que não está se “escondendo”, e que já nomeou advogados para acompanhar o caso. Gildenilson, que mesmo sendo empresário recebeu auxílio-emergencial durante a pandemia de Covid-19, se recusou a falar sobre o benefício.

“É uma empresa idônea. Fizeram um negócio muito estranho na minha vida”, diz Gedenilson Braz Torres.

O primeiro contrato com a R7 Facilities para fazer a manutenção da Penitenciária de Mossoró, valendo R$ 1,7 milhão, foi assinado em abril de 2022, quando o Ministério da Justiça era chefiado por Anderson Torres, no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em abril de 2023 o contrato foi prorrogado, já na gestão do ex-ministro Flávio Dino, no governo Lula.

O Ministério Público pediu que o Tribunal de Contas da União:

  • Apure se há irregularidade na contratação da empresa;
  • Instaure tomada de contas a fim de apurar a responsabilidade dos agentes envolvidos, se for confirmado o uso de “laranjas”;
  • Suspenda quaisquer pagamentos pelo governo federal à empresa, caso alguma irregularidade seja constatada.

A R7 Facilities publicou uma nota no site da empresa: “Nossas atividades são concentradas em sua maioria na iniciativa pública e, por consequência, somente conseguimos atuar com nossas obrigações fiscais, trabalhistas e acessórias em dia”, diz o texto.

A empresa afirma que sobre o contrato com o presídio de Mossoró, “não recebeu qualquer apontamento, notificação, advertência ou questionamento por parte dos fiscais do contrato, tampouco do atual interventor naquela unidade prisional”.

Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública disse que a empresa passou por todos os requisitos técnicos para a assinatura do contrato, firmado em 2022. “A empresa vinha cumprindo todas as suas obrigações, obedecendo aos parâmetros pré-estabelecidos legalmente”, declarou a pasta.

O ministério diz ainda que acionou os órgãos competentes para realizar uma “rigorosa apuração” em relação à empresa.

Leia a reportagem completa no G1

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