Nova espécie de peixe é descoberta por pesquisadores em bacia do Rio Trairi no RN
Foto: Divulgação
Uma nova espécie de peixe foi descoberta na cidade de Lagoa Salgada, na caatinga do Rio Grande do Norte, e foi batizada com o nome Hypsolebias lulai, em homenagem ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Realizado em parceria entre pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o estudo foi publicado nesta sexta-feira (20) na revista científica Neotropical Ichthyology.
A espécie foi descoberta em três “poças temporárias” do Rio Trairi, que banha os estados do RN e da PB, em uma área restrita de ocupação, que abrange cerca de 1 km². O ponto principal citado no estudo é o Riacho do Coelho, uma bacia do Rio Trairi em Lagoa Salgada.
A percepção e descoberta da nova espécie foi, inicialmente, de um um morador do assentamento Recanto, que fica em Lagoa Salgada. Ao coletar os primeiros exemplares, ele percebeu que nunca tinha visto aquele peixe na região, então tirou fotos e enviou ao Departamento de Oceanografia da UFRN.
Espécie diferente
O estudo cita que o peixe é da espécie espécie de “peixe das nuvens”, mas que é um “nova espécie diferente de todas as espécies desse grupo”.
Entre as diferenças encontradas com outros peixes do grupo, estão:
- “o padrão de coloração do macho e pela presença de um brilho azul metálico relacionado às manchas pretas na fêmea”;
- “forma das nadadeiras dorsal e anal (arredondada vs. pontiaguda)” ; e
- “orientação das barras castanhas avermelhadas no corpo e na nadadeira anal nos machos (diagonal vs. vertical)”.
Nova espécie de peixe Hypsolebias lulai (fêmea), que foi descoberta em Lagoa Salgada — Foto: Divulgação
O gênero Hypsolebias é o com mais espécies descritas na caatinga, com 32 espécies. O estudo cita que a nova espécie difere de outras do Nordeste “principalmente pelo elevado número de raios na nadadeira dorsal nos machos e pelo maior número de escamas na série longitudinal”.
Trecho restrito
O estudo diz que dois dos três “corpos d’água” onde a espécie foi registrada são artificiais, sendo reservatórios das pequenas represas Malhadas e Quixabeira. O terceiro é uma piscina natural temporária conhecida como Capim Grosso.
Devido às fortes chuvas em 2022, a piscina temporária transbordou, resultando no lançamento de água nos dois reservatórios artificiais abaixo, em efeito cascata.
“Porém, a localização natural da nova espécie provavelmente é apenas a lagoa do Capim, e seu registro nos reservatórios artificiais foi causado pelas fortes chuvas que fizeram com que esta lagoa transbordasse e os peixes chegassem aos reservatórios”, cita.
Ciclo de vida
Segundo o estudo, a nova espécie faz parte de um grupo que completa o ciclo de vida em poças temporárias que se formam nas várzeas dos rios durante a estação chuvosa. “Essas poças secam completamente durante os períodos de seca e os peixes adultos morrem, mas os ovos persistem no substrato”.
Dessa forma, durante esses períodos de seca, os ovos reduzem a velocidade do desenvolvimento embrionário por um período como estratégia para superar a seca.
“Este tipo de desenvolvimento permite que os embriões sobrevivam a longos períodos de seca até a eclosão durante a estação chuvosa seguinte”, cita o estudo.
G1 RN